Pode brigar com ele? Pode dar comida? Pode dormir na cama? Pode pegar no colo? Deixo pular? Deixo mordiscar? Mas é tão bonitinho… Mas ele gosta… Mas… Mas… Mas…
A maior parte das pessoas que nunca participou de uma aula de adestramento, que nunca teve contato com adestrador ou nenhum tipo de treinamento canino, fica completamente perdido quando se trata de “como lidar com o cão no dia-a-dia”. E quando se tem o primeiro cachorro ou quando um cão novo entra na família, isso se torna, na maioria das vezes, um problema sério, já que somos nós, os tutores, que devemos ensinar tudo ao cão! E aí a gente tenta pensar com uma cabeça humana sobre questões caninas. É nessa hora que começa a bagunça. Pra te ajudar a ser um tutor mais assertivo, eu vou falar sobre alguns dos erros mais comuns que a grande maioria dos tutores comete!
Aliás, por causa de um desses erros, eu criei e liberei GRATUITAMENTE, um desafio de 3 aulas com passo a passo para implementar atividades de ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL, que são perfeitas para ajudar o seu cachorro a cansar, exercitar a mente e o corpo e produzir hormônios do bem-estar e do relaxamento, que vão diminuir os níveis de stress, ajudando a solucionar vários maus comportamentos, como: ansiedade de separação, agressividade, medo, comportamentos compulsivos (lambedura, latidos, corridas atrás da cauda) e, obviamente, a destruição de móveis e objetos pessoais!
Para acessar a aula, clique aqui.
Brigar depois que o cão já saiu
Sabe aquela hora que a gente chega em casa e encontra o nosso sapato preferido todo roído, ou o tapete higiênico todo despedaçado no chão da sala e o cachorro chega abanando o rabo pra você? Eu aposto que você, que tá lendo esse post, já se viu nessa situação e quando olhou nos olhos do seu cão, fez aquela cara de decepção (pra não dizer de raiva) e brigou muito com ele…
Você jura que ele sabe o que fez de errado, porque nessa hora, ele encolhe os ombros, baixa a cabeça e tenta sair de fininho, não é mesmo?! Na verdade seu cão não sabe porque tá levando bronca. Ele só está triste porque o seu melhor amigo tá de mal com ele…
Não adianta brigar com o cachorro depois que ele não está mais fazendo besteira só desgasta a relação entre vocês e prejudica a confiança que ele tem no seu tutor e faz o cão ficar desconfortável com o seu ambiente. Se for pra brigar, tem que ser SOMENTE quando ele for pego NO FLAGRA!!!
Não acredita? Dá uma lida nesse post, então. Se eu não te convencer, faz o teste que eu proponho e depois me conta!
Ficar de mal
Aí, depois que você brigou com ele, por causa daquele sapato roído, você decide que ele merece um castigo. E então resolve ficar de mal com ele. Quando você faz isso, você o está banindo da “matilha”. Você está dizendo a ele que ele não faz mais parte da família. Nas matilhas de cães, quando um cão é banido de sua matilha, ele imediatamente tenta encontrar outra matilha, da qual ele possa fazer parte, para sobreviver. Muitas vezes, as matilhas já formadas não aceitam novos membros e o cão banido acaba vivendo o resto de sua vida sozinho.
Quando você “bane” seu amigo da sua família, ele pensará que deve sair de casa e encontrar outra família. Você acaba causando um profundo mal estar ao seu cachorro, quando na verdade, você só quer ensiná-lo uma regra simples: “sapatos não são para roer”. É muito mais eficaz (e causa muito menos dano à saúde mental do cão) que você corrija apenas O COMPORTAMENTO ao invés de corrigir o cão. Como se faz isso? Você pode apenas dizer em tom de voz grave, forte e rápido, e com semblante fechado, uma palavra de ordem que signifique algo ruim, como “NÃO!”.
Eu costumo usar um som (alto, rápido e forte), como “EI!” ou “AH!”, mas meu preferido é o “SHHH!”, já que esse som é pouco usado na nossa linguagem habitual, para falar com outras pessoas, então nós deixamos esse som APENAS para corrigir o cão, o que torna o entendimento dele muito mais fácil, uma vez que ele saberá que esse som é dirigido só a ele.
Corrigir chamando pelo nome
Pode até ser que na maioria das vezes a gente passe por essas situações extremamente decepcionantes e consiga relevar, mas sempre tem aquele dia em que tudo deu errado e depois de ver que o cão aprontou mais uma, agente não consegue aguentar e acaba esbravejando pela casa toda: “APOLOOOOOOO!!! CACHORRO MAU!!! NÃO ACREDITO, APOLO, QUE VOCÊ FEZ ISSO!!!”.
Pois é… é assim que a gente (acha que) educa o cachorro, mas na verdade a gente só está associando o nome dele a situações estressantes. Quando a gente fala o nome do cachorro e logo em seguida usamos expressões faciais, corporais e tom de voz agressivo. O cão passa entender que o nome dele é uma palavra associada a situação de risco. Lembre-se que cães não entendem português ou qualquer outra língua humana. O que eles entendem é que determinados sons, fisionomias e expressões corporais significam determinadas coisa.
Assim como nós sabemos que aquele choro é significa que ele está sentindo dor, que o rabo entre as patas significa que estão com medo e que os olhinhos fechados significam que ele está relaxado, eles também sabem que certas palavras e certos tons de voz significam que estamos felizes, tristes ou bravos. Você nunca deve usar o nome dele em tom de voz ríspido. Use o nome dele apenas enquanto pratica atividades prazerosas ou quando ele faz algo bom! Assim ele vai gostar desse nome e sempre que ele o ouvir, vai correndo encontrar você!
Chamar brigando
Tem também aquelas vezes em que a gente encontra só a cena do crime, mas o criminoso já está lá no quintal dormindo como se nada tivesse acontecido. Aí o que a gente faz? Chama o criminoso pra perto da cena do crime: “VEM AQUI, APOLO!” e dá aquela bronca!!! Só que ninguém nunca te falou uma coisa: se você quiser que o cão atenda quando você o chama no comando “vem”, você jamais deve chama-lo NEM PELO NOME e NEM PELO COMANDO “VEM”, quando for brigar com ele.
O que você está fazendo é pedir que ele obedeça você, chamando-o para um lugar específico e punindo-o quando ele obedece. Nas próximas vezes, ele não vai obedecer e ao invés de atender, vai fugir de você! Se o cachorro já fez a bagunça e já foi embora, engula o choro, arrume a bagunça (sem que ele esteja olhando) e da próxima vez, arme uma emboscada, para pegá-lo no flagra! Se ele gosta de pegar aquele sapato novinho, deixe o sapato ao alcance dele, e espere que ele tente pegar.
Corrija-o quando ele fizer isso, dê, no lugar, um brinquedo com o qual ele possa brincar e elogie quando ele aceitar a sua sugestão! Você pode fazer essa “armadilha” várias vezes, assim você garante que ele tenha entendido a regra!
Mudar a regra toda hora
Mas lembre-se: se sapatos não são para comer, ELES NUNCA DEVEM SE COMIDOS! Não caia na tentação de dar aquele sapato velho, que você não quer mais, para o cachorro brincar, só porque “ele adora sapatos e esse pode!”. Não!
Os cães não veem diferença entre um sapato novo e um sapato velho. Regras são regras. Se ele não pode comer sapatos, nenhum sapato deve ser dado ao cão (a não ser no caso da armadilha, do qual eu falei anteriormente). Se um sapato pode ser comido, então todos podem ser comidos! (é assim que seu cão pensa). Isso vale para todas as regras da casa, como “entrar em casa”, “subir na cama”, “comer comida do chão”, etc. Se você não quer que o cão faça algumas dessas coisas, NUNCA deixo-o faze-las!
Corrija-o 100% das vezes! Assim você evitará desentendimentos entre vocês e tornará a vida dele mais equilibrada e mais fácil de viver! Se você tem pena do cão por ele não poder fazer algumas das coisas que ele parece gostar, dê um jeito de substituir a regra por outra. Por exemplo: ele não pode subir no sofá, mas têm um único pufe velho que você não quer mais, que será o lugar dele! E então apenas NESSE pufe, você pode sentar e pedir para que ele suba. Lembre-se que o cão não diferencia coisas simplesmente pela cor ou pelo formato.
Se você for estabelecer regras assim, certifique-se que aquela “exceção” seja completamente diferente de todas as outras coisas nas quais ele não pode subir, por exemplo. Não estabeleça uma cadeira ou um sofá de um conjunto de cadeiras ou sofás iguais. Ele não saberá identificar no começo e a regra se tornará muito complexa para ele compreender. Use formatos, texturas cheiros e cores diferentes. Se seu sofá é de couro, coloque uma mantinha no pufe, assim ele diferencia a textura. Se o sofá é cinza, o pufe dele pode ser amarelo. Deixe aquele brinquedo que ele gosta em cima do pufe, elogie-o quando ele usar o seu “lugar especial”!
Em outro post, vou falar de mais um moooooonte de erros que cometemos na hora de educar nossos “filhos caninos”. Fica de olho!
Se você ficou com alguma dúvida, escreve pra mim! Terei prazer em te responder e suas dúvidas podem se tornar um de meus posts! Não Esquece de se inscrever no meu canal do Youtube (clique aqui) e me seguir lá no instagram: @aliquiadestradora (clique aqui)